Livro de Papel: Decoração para ler

Seja você um defensor do livro de papel ou um fervoroso leitor digital, numa coisa deve concordar comigo: Tablets e Kindles não servem para dar aquele charme à sua casa. E como essa coluna nasceu para lembrarmos o porquê do livro de papel ter existido por tanto tempo, e o porquê de tantos leitores ainda relutarem em deixar as encadernações e o papel pólen para entrar de vez na era digital; nada mais justo que falar sobre aquelas belas estantes de livros que deixam qualquer casa mais simpática.

Devoradores de livros em geral são magneticamente atraídos para sebos e livrarias. Muitas vezes o leitor nem tem a intenção de comprar nada. Só passear por aquela infinidade de estantes, com todos aqueles livros não lidos, que ficam tão bem juntos, não importa a ordem. Em sebos o que chama a atenção são todos aqueles livros lidos por outrem, aquela atmosfera das histórias não só dos livros, mas das pessoas que os leram.

E o que dizer das bibliotecas, aqueles lugares de silêncio mágico em que muitos de nós, leitores, passamos tardes inteiras a explorar todo um universo desconhecido, em que nos perdemos entre as prateleiras de capas duras, lugares tão interessantes que geram listas e mais listas  para definir qual a mais bela? Sem contar nas bibliotecas pessoais, cujas fotos os usuários do Meia Palavra se orgulham tanto em partilhar falando com carinho de seus livros mais queridos.

Montar uma estante tem tanto fins literários quanto fins decorativos. Escolhemos as melhores edições para aparecer em destaque, as de capa dura, as mais coloridas. Em alguns casos, compramos uma edição um pouco mais cara de um livro que realmente queremos ler “porque é tão mais bonita”. Não é à toa que tantos babam nas lindas edições da Cosac Naify, ou naquela coleção listradinha da Cia das Letras. Elas não são só uma leitura interessante, elas ficam lindas na prateleira.

Prateleiras de livros fazem parte do design da maioria dos arquitetos. Mesmo quem não lê, mas quer passar uma imagem de “gente interessante”, monta uma estante com livros de capa dura que, infelizmente, nunca serão abertos. Para o leitor, por outro lado, ver aquela coleção que começou com 10 livros virar uma estante abarrotada é a lembrança visual de um sucesso, é motivo de orgulho. Talvez não seja metodicamente organizada como aquela do “poser”, é mais orgânica e vai ter livros manchados de café, mas é linda mesmo assim, e principalmente assim. Aquela estante reflete a personalidade do morador, e é isso que faz a casa se transformar em lar.

E tenho certeza que não sou só eu que sonho em ter uma biblioteca particular como a do Neil Gaiman. A questão é que estar em meio a livros é reconfortante e que, por mais práticos que tablets e e-readers sejam – e eles são, inegavelmente – não substituem para mim a delícia de ver minha estante repleta de livros de papel, num domingo a tarde, e escolher dentre todos aqueles volumes qual eu vou ler depois que acabar meu estoque de livros na bolsa.